POR DO SOL
Estava eu certa vez, num passado não tão distante, a observar o mundo em minha volta. Meu olhar estendeu-se até onde não se dava mais para enxergar, onde o horizonte se mistura com o céu e forma um barrado indefinido. Mas nesse dia era tardezinha, e o sol mergulhava no horizonte, e lá longe um barrado degradê surgia. Silenciosa e atenta, nesta tarde fresca de brisa suave que cariciava meu rosto pude observar quão grande é a grandeza de Deus. Naquela tarde senti-me inspirada, e num breve momento descrevi com clareza e fino senso a pagina esplêndida que a natureza descortinara para mim, ficando impressa na minha retina e na folha de papel. Uma das mais admiráveis tardes, que a primavera a inebriava com o aroma das flores de variáveis espécies. Como não dizer mais? _ Sendo esta uma tarde para cultuar a estética do universo vivo e sentido pelos poetas com tamanho encantamento.
Arranquei-me do peito suspiro profundo, e minh’alma sentindo-se elevada até ao Altíssimo percebe então a pequeneza do homem mediante a imensurávelbilidade do Universo. Compreendi, naquele instante, que as dores deste mundo passarão e o essencial alento humanista, o verso sublime, a cantoria matinal e vespertina da passarada nos faz ver o mundo com mais esplendor. Compreendi que a vida é melhor se não houver perca de qualquer significado e que, a originalidade não é saber escrever o quê e sim sentir o que jamais se escreverá.
O sol continuou a descambar-se, submergindo no horizonte derramando seu calor nas águas de algum oceano donde meu olhar não abarcara.
Valda Fogaça
02 /05/016