MATINÊ
Palavras ventam as trêmulas expressões do desejo no espelho encoberto. Inventam ardentes flexões nos sucessivos vultos refletidos no pensamento. Sopram impressões douradas, alegorias amanhecidas dos idos carnavais. Ainda infantes, como sussurros inocentes e sentimentais, desfilam a vida com a entrada de um novo verso coberto com folhas de prata. Então envelhecidas, espalhadas no chão de papel, são confetes esquecidos nos reticentes desencontros das linhas. Palavras descobertas entre fantasias e realidades... Um riso saliente umedecido por lágrimas tímidas, um sentimento que se vela e desvela em versos livres, uma dor que se expõe na poética de uma construção ritmada, um prazer que silencia nas pausas de uma respiração ofegante, um silêncio que atravessa a noite em busca de respostas, um olhar arregalado sob as brumas dos anseios, uma máscara...
Mais um pierrô dramatiza a alegria do palhaço...