[Rodando com as águas do mundo]
Dias de tempos bicudos... Às vezes, a gente tem a capacidade [ou a audácia] de se lambuzar, de se molhar na correnteza vertiginosa das opiniões insensatas, desmedidas, descabidas.
Mas — este ir a esmo nunca é tudo! — somos fracos, e nos punimos... assim, também às vezes, falta-nos uma "extensão de espírito" tal que nos permita ostentar em nossas faces aquele rubor que demonstra a percepção ou o sentimento das escolhas feitas...
E assim, como na fábula, feito animais mortos com agourentos urubus pousados no dorso, vamos rodando com as águas da enchente do mundo — tristes seres de vontades tripuladas — é o que, às vezes, mais somos — mas, será, será? Muito simples para fazer algum sentido...
Como dizia o finado João G. Rosa — “É e não é. O senhor ache e não ache. Tudo é e não é.”
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[Desterro, 27 de abril de 2016]