[Mescla rara de sonho e de pedras]
Estive em outras quadras melhores... outros ânimos. Silenciosamente, eu transtemporalizo... viagem... travessia! É claro que eu não vou dizer tudo; ninguém consegue dizer tudo! Só a morte, sem nada dizer, poderia dizer tudo. Palavras são incandescentes, são consumíveis.
E agora, quando a indiferença tediosa --- filha bastarda do medo e do trauma --- percorre-me o corpo, eu sinto que aquela paixão foi embora, um corte... voltará? Não sei; afinal, as paixões viram cinzas ao vento...
Mesmo assim, agora, há esses ressaibos a me atormentar o espírito... estarei mesmo indiferente ao corte? Meu coração não sabe. Talvez, talvez... não sei... o que a gente vale... se é que vale para o mundo do outro ser?
.... E assim, eu me narro, como sempre, intencional mas desordenadamente, nessa rara mescla de fragmentos de sonho e de pedras duras que tanto me pesa...
Por ora, nada, nada vale a pena.
Ah, como é inseguro viver!
_________________
[Desterro, 23 de abril de 2016]