Palavra em fuga
Ocasionalmente percorre ocaso alento, berço d´alguma estrela
em despedida.
Desaconselho o procedimento inverso ao verbo viver, num desfile
conjugado no tempo presente,sobe ladeira ,esôfago acima.
Sei bem é atear fogo em palha seca, sei bem é permitir ventania
sobre uma chama de lamparina, sei bem demora-se breve instante
nas cordas vocais.Vibram vogais, consoantes maiores, contentes,
errantes nos finais,temem abandonar o corpo do qual virá gerir-se
em estampa no branco papel !
Faço fita,disfarço mas ela vem inteira desta vez, passageira poeira
conjugal, deslizante encontra-se solteira, plenamente fugaz!
Vida enigma é uma palavra formada de sílabas triviais, estampa?
Talvez, encolha-se na garganta em bloco engasgado...
Diverso momento anuncia pássaro em cor verde e lilás!
Vida breve,uma vez lançada recria-se quantas vezes quiser,
repetida, parida já logo é mãe duma dúzia de filhas iguais ,cada
uma com direito a parir dezenas, centenas de filhotes sonoros,
Araras de azul e amarelo pertencem ao elo destas “horas”...
Senhoras,segmento de pontos que estremecem céu e mar !
Ignoram a linha do horizonte, sobem descem ,mergulham em
arco-íris, desvendam mistério das águas de olhos fugidios,
trazem um sal e algas consigo, saltitam vibrantes.
Duma vulcânica rocha agita-se brasa, ascendem das profundezas
na juba dum leão qualquer. Rugem em monossílabas ateando mais
e mais fôlego à mãe de todas elas > VIDA!
virgínia f. além mar 2002
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