A grande mancha do século XXI

A grande mancha do século XXI

Não há tortura

Mais obscena

Que a pena da fome

Instituída

Pelo próprio homem.

Seus autores

Todos descendentes

De sangue decente

Paradoxalmente

Diante das lentes

São chamados

De senhores.

Enquanto

No Nordeste

O ciclo da fome

Cresce

Numa espiral desumana

E os herdeiros do nosso país

De suas tribunas

Ainda afirmam de maneira profana

Que nosso povo é feliz

E que o Brasil

É uma nação soberana.

Eles não veem

Mas sabem e sentem

Que aqui

Neste pedaço de chão

A fome, além de infame

E predadora do homem

É tão íntima da gente.

E não há

Tortura mais indecente

Que as algemas da Fome

Esculpindo a morte

Na face do cidadão.

Pois, contracenar com a fome

É sentir-se

Bem próximo do inferno

É estar sob o rótulo

De ser objeto e presa

Do abandono do homem

Pelo próprio homem.

Enquanto a Fome

Tiver vida no mundo

Haverá sempre excluídos

A paz não terá muito sentido...

E os povos sempre viverão

Entre guerras, comandantes e feras.

Autor: Edmilson Silva

Palmares-PE

21 de Abril de 2016.

EdSilva
Enviado por EdSilva em 27/04/2016
Reeditado em 03/12/2021
Código do texto: T5617623
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