a carta

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abeirou-se do portão com o amor nas mãos.

as cortinas do quarto dele ainda dormiam.

era cedo. por galhos de acácia em flor o melro afinava o bico.

na outra calçada um cão mirava-a, como se a quisesse por dona.

ela, cor de flamingo, pairava em indecisão. nas veias corria-lhe um sangue ora quente, ora frio.

veio o alvor lavrar as sombras com charrua doirada. as últimas brumas esvaíram-se pelos fundos da rua. era Inverno, era

mas o ar, rebelde; o ar, casamenteiro; o ar, embevecido..

já traficava essências de Primavera.

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Luís R Santos
Enviado por Luís R Santos em 23/04/2016
Código do texto: T5613711
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