Nasço amanhã
Nasço amanhã a correr para ti, para teus interrogantes abraços de amar, entre beijadas lembranças e caminhos sem retorno. Nasço amanhã, na alquimia do ventre do universo em teu peito de estrelas, a sussurrar baixinho em teus ouvidos que o amor existe, que o medo existe e que a travessia é para o poema gritado no eco do ontem sobre a pele, náufrago da dor em tua ilha de lonjuras, pelas naufragadas horas de intermináveis segredos. Nasço amanhã do teu aceno, a erguer a madrugada com as mãos dos teus olhos, no respirar da tua boca na minha, até que me emprestes a noite e das entranhas do mar nasça o dia, onde vive o teu silêncio de pássaro e essa química que escorre como larva de vulcão vencido e em êxtase, com a boca escancarada para o céu. Nasço amanhã onde talvez não existas.