Silêncio
Vivo de música. Vivo de som. De tudo ao meu redor. Vivo de palavras e de sensações. Vivo de dores, e de alegrias que me movem. E tudo tem um som. Som de saudade, que canta e pranteia. Que geme e que dói. Vivo de reencontros. De sorrisos em poesia, de vozes em verso, de promessas e esperança.
Vivo do canto do vento, do brilho do sol, do final de um lamento. Meu coração bate por tudo o que se move, tudo o que canta e encanta, e grita e coloca pra fora o que quer que tenha dentro.
Dentre tantos ruídos, alguns agradáveis e outros nem tanto, tenho uma dúvida.
Que som o coração faz quando se parte?
Ele chora? Rasgam-se os trapos? Trincam-se os cacos? Ele faz algo para eliminar a dor, diminuir o desespero, fazer cessar a agonia? Que música ele canta para espantar a tristeza? E por isso a minha estranheza.
Coração partido é vazio.
Ausência de som.
Carência de luz.
Lacuna de amor.
Coração partido é silêncio.
Como o silêncio pode doer tanto?