Eu sei o caminho
Eu sei o caminho por onde tudo começa no quase cessar, no olhar que voa e perde-se pelas frestas da blusa desajeitada, no tempo do abandono do amor às coisas, eu sei. Eu sei dos olhos que perscrutam os sons do desejo, abismos de silêncio e som, da mulher loba, abismada de fogo, ensimesmada de prazer, à espreita do uivo dos sentidos lobo, do cio dos insólitos delírios e o querer das rubras mãos que apertam e deslizam por sobre as imaginadas coxas brancas. Eu sei o caminho da mulher e da loba, abismada de súbito fogo e maçãs, a oscilar no templo do ontem no agora, eu sei o caminho do entrever e a possibilidade do ter, eu sei. Há um poço de desejos a desbravar brancas colinas, há um poço, carne da tua pele que arde de repentino prazer e volúpia, no tempo do já intempestivamente nascido. E há que se descer por esta rua para alcançar as estrelas, há que se subir poços repletos de cinza, para recolher o rio dos teus olhos sobre o olhar capitão do verbo destino, abrir os vales do pecado entre o mar em fúria e essa estreita rua de amar.