Meu "Eu"
Ai de mim! Quanto ainda culpará o meu corpo,
Esse espírito fraco e vil, que se diz "Eu"?!
Pobre corpo! Vindo de um pó corrompido,
Por bactérias tais que, espalhando-se, matam!
Ele exige cuidados; porquê infligir-se-ia o mal?!
Oh, alma malévola, de vaidades mil!...
E nesse todo mais que imperfeito, existo eu...,
Que rasga Bíblias p'ra fugir à Palavra,
Tardiamente; cedo eternizou-se em mim!...
E onde habitam as memórias que condenam?
Ou atenuam, e por vezes até me alegram?
"Flashbacks", fragmentos, lances vividos...
Ironia! O culpar-se inocentemente,
E muito absolver-se, tão culposamente...
Esse "tudo" incompleto é a existência,
É um bem, um mal, uma dor, também amor...
Ai de mim! Pobre de mim! Que ri, que chora,
Que se espanta da própria credulidade,
No inacreditável mistério da Vida!