Crianças

Naquele consultório

de caras grandes e pequenas,

rostos feios e duvidosos,

encontrei crianças

que o faziam melhor.

Eram pequenas e bonitas,

eram tristes mas mexidas,

e nos seus rostinhos

havia algo que me fazia sorrir.

Inocentes como ninguém,

tudo o que tinham davam,

e pulando sem parar

eram elas que o alegravam.

Fiz-lhes uam festa,

dei-lhes um sorriso,

tanto bastou então

para que fossemos amigas.

Peguei-lhes ao colo,

acariciei-as também,

e um grande abraço

eu levei por bem.

Brincavam contentes,

ou tristes por fim,

se lhes tiravam a boneca, o carro ou o bandolim.

E aquele pai esguio

de meias cor do céu,

trazia uma criança,

tremendo nas pernitas,

de caracóis ondulantes

e olhos como dois ilhéus.

Aquelas outras,

de mãe já num terceiro,

chamavam o Tó,

que lhes servia de pai,

e de um bom parceiro.

E aquele outro triste,

sentadinho num canto,

brincava com um carrito,

que guardou com medo,

que o levasse um anjo.

E aquela mulher feia,

de marido galante,

trazia o seu pequeno

chamando pelo pai,

a todo o instante.

E a mãe de dois filhos,

cansada da luta,

pequenita morena, rapazito inquieto,

fazia a todo o momento

uma difícil pergunta.

Águamar
Enviado por Águamar em 20/04/2016
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