Crianças
Naquele consultório
de caras grandes e pequenas,
rostos feios e duvidosos,
encontrei crianças
que o faziam melhor.
Eram pequenas e bonitas,
eram tristes mas mexidas,
e nos seus rostinhos
havia algo que me fazia sorrir.
Inocentes como ninguém,
tudo o que tinham davam,
e pulando sem parar
eram elas que o alegravam.
Fiz-lhes uam festa,
dei-lhes um sorriso,
tanto bastou então
para que fossemos amigas.
Peguei-lhes ao colo,
acariciei-as também,
e um grande abraço
eu levei por bem.
Brincavam contentes,
ou tristes por fim,
se lhes tiravam a boneca, o carro ou o bandolim.
E aquele pai esguio
de meias cor do céu,
trazia uma criança,
tremendo nas pernitas,
de caracóis ondulantes
e olhos como dois ilhéus.
Aquelas outras,
de mãe já num terceiro,
chamavam o Tó,
que lhes servia de pai,
e de um bom parceiro.
E aquele outro triste,
sentadinho num canto,
brincava com um carrito,
que guardou com medo,
que o levasse um anjo.
E aquela mulher feia,
de marido galante,
trazia o seu pequeno
chamando pelo pai,
a todo o instante.
E a mãe de dois filhos,
cansada da luta,
pequenita morena, rapazito inquieto,
fazia a todo o momento
uma difícil pergunta.