Recordação...
À minha volta sinto que a vida
se renova,
como um constante perder de certezas,
e o cheiro a açucenas
nos faz sentir saudades,
de toda uma meninice
passada em contato aberto
com a natureza.
Lembrar-me que nos meus
tempos de criança,
corria à rédea solta pelos vales,
e pegando em cada flor
corria com elas pelo milheiral,
até se perder na distância,
esta eterna criança
que de mão dada com o vento
e sem nenhum sofrimento
fazia coroas de cada flor,
e a cada raminho
eu tinha amor,
e na erva húmida meus pés enterrava,
até sentir em sonho
que Alguém me enlevava,
e os caracóis macios das ovelhinhas eu puxava,
sempre que a beber
no rio as encontrava.
E à noite cansada
de tanto brincar,
com sofreguidão comia o pão,
e ficava a recordar
a minha liberdade,
e por ela
já sentia saudade.