Por vezes me tomas
Por vezes me tomas a carne em alvoroço, arrebatas-me a pele, como desvario uivar de lobos no cio, por vezes me tomas. A febre entre pelos, rio de apelos, cruza sem simetria por entre fecundos murmúrios da curva paisagem em brinde, rabiscada lua de papel em fino traço escorre, desenho que geme sem sossego, por vezes me tomas. Por vezes em delírio sempre me tomas, arrebatas-me corrente que leva ao mar, sobre os parapeitos das nuvens em êxtase a erguer a noite por onde morremos no uivo dos lobos salvos do ontem, impetuosos e sedentos por vezes me tomas e arrebatas-me, extasiados na completude de nós, corpos abertos por vezes tomados a golpe de estrelas em salivadas e atônitas primaveras outonais.