[Abismo de silêncios]

Que há uma realidade externa comum a nós dois, não há dúvida!

Basta lembrar a nossa perda, isto é, a realidade da nossa perda!

Sobre essa perda, fecha-se a janela dos mútuos sentimentos,

não há uma compreensão comum, mas há sim,

um abismo de silêncios: a nossa fala afetuosa, antes tão intensa, calou-se...

Agora, cada um, em sua caminhada solitária,

leva dentro de si a presença imarcescível do outro.

Uma presença que se aviva em alguns devaneios diurnos,

ou em sonhos que a noite [nos] traz.

Punição? Quem saberia dizer?

Simples constatação: por sorte, a vida é muito breve.

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[Lamento no Desterro, 19 de março de 2016]

Carlos Rodolfo Stopa
Enviado por Carlos Rodolfo Stopa em 11/04/2016
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