Delírio

Por que sorrir?

Se o pranto virá impetuoso

Ante o trágico imutável

Por que cantar?

Se a voz será embargada

Pelo soluçar incontrolável

Por que abrir os olhos?

Se o que se vê é desolador

E o horizonte se fecha cruel

Por que edificar?

Se não ficará pedra sobre pedra

Por que lamentar?

Se nada disso vai mudar

É preciso seguir e caminhar

Por que desistir e parar?

Se a desolação e o terror

Não deixam lugar para descansar

Por que alimentar lembranças?

Quando o desespero é real

E já não há mais esperança

Para que a poesia?

Se tudo o que penso ou faço

Não traz de volta seu abraço.

A Carlos Borges
Enviado por A Carlos Borges em 09/04/2016
Código do texto: T5599954
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2016. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.