O entardecer da existência
É tarde... Muito tarde.
Os sonhos vão se apagando no dia da minha existência.
Por vezes sonhei, que um dia, quando chegasse essa "tarde”.
Eu estaria deitada em uma rede com franjas de renda,
na varanda de uma casa de campo.
À frente, um riacho de águas serenas, peixinhos dourados nadando diante dos meus olhos fascinados.
Os galhos dos chorões debruçados sobre as águas, passariam a impressão de um quadro. Pintado pelas mãos de exímio pintor.
O por do sol alaranjado seria o mais belo do mundo. Meus olhos fechariam de mansinho, em um repousar tranquilo.
É tarde, muitos anos se passaram, na correria da vida não notei meus cabelos branquearem. Minhas mãos que tantos poemas escreveram, agora inertes, aguardam por nova inspiração.
Minhas pernas que caminhavam com voracidade, no vigor da Juventude, vacilam indecisas.
Meus filhos já crescidos carregam com eles seus temores e preocupações, sem perceberem o dom da vida.
Sonho, felicidade, ilusão... São momentos, momentos realmente importantes, em que o sangue ferve nas veias.
Muitas vezes o senti no meu alvorecer, no meio-dia, nas noites cálidas e silenciosas.
Muitas e muitas vezes senti a brisa no rosto, com seu toque macio e suave no decorrer da minha existência.
É tarde! No entardecer de minha vida, percebi que a felicidade é feita de momentos, momentos de paz e alegria...
Quando vejo aqueles que eu amo, vivendo os seus momentos.
Felicidade é um ideal, um objetivo a ser alcançado.
Uma esperança oculta no desespero dos tristes.