As Marcas
As marcas na estrada de chão de barro vermelho
São longas e profundas, são muitas
Dos cascos dos animais e seus tropeiros
Das carroças e seus carreteiros.
São marcas que permanecem
Dentro dos olhos e perfuram
A cabeça e a consciência
E saem atrás do pensamento,
Quando eu era criança cheia de inocência e sonhos.
Essas marcas no chão vermelho
Falavam mais que as minhas
Marcas da alma, do corpo e vergonha
As minhas marcas são tão profundas
Quanto as marcas sulcadas no chão
De barro vermelho
As marcas vermelhas no chão desenham asas
São marcas lidas e frias
Assim como as minhas
Que após as chuvas não são esquecidas.
Marquem-me o peito!
Marquem-me a alma!
A minha vida ser possível
Ponham outras marcas sobre estas
Porque quem amei se foi
E me deixou somente marcas.