O amor é uma doença parasitária que remói até definharmos

Enquanto libero um sorriso de mártir, escovo os dentes até sangrar a gengiva e cuspir teu nome na pia do banheiro sórdido. Esmurro um espelho e me vejo em cacos, aos cacos. Adentro violentamente o rosto num travesseiro e grito até perder a voz, numa tentativa de descobrir minhas obsessões doentias e espectros... Sofro de consciência.

É difícil acreditar em seus sinais ou aceitá-los como reais. Não estou habituada a amores comprimidos. Penso claramente sobre meus desejos. Todos com fome e muito medo.

Sentada no chão, encostada à parede úmida do quarto. Trazendo o rosto descaído. Dissolvendo em pedaços e enlouquecendo as coisas. Olheiras ostensivas e olhares reticentes. Pesquiso mentalmente outros nós de forca. A dor não cicatrizou. E que doa bem no osso.

Ambientes inocentes não me aprazem... Um inferno habita dentro de mim. Sinto êxtase todas as vezes que ando junto ao caos.

A noite não me traz refrigério. Viver é apenas uma utopia insignificante, uma gaiola em busca de pássaro. A realidade me molesta. Entro em marcha lenta, mais um rosto insano afogado na multidão. No anonimato das ruas protagonizo um motim para fugir, mas o amor é uma doença parasitária que remói até definharmos. E que cruzou meu maldito caminho!