Sobre Confusão e Saudade
A vida confundiu meu coração de poeta
Os pensamentos não vêm mais em versos
Vêm em ondas contínuas de aleatoriedade desconexa
Um sorriso tímido me assombra
Enquanto um sorriso sarcástico é tudo do que mais sinto falta
Mesmo que eu esteja seguindo em frente e tudo esteja bem
A vida ainda me dá uns empurrões fortes, mas quase nem saio do lugar
Porque minhas expectativas são bem diferentes das que cultivava quando tudo começou
Acho que não adianta mais invocar minha magia para tentar trazê-lo até aqui
Você tem tudo o que poderia querer e continua parecendo tão sozinho
Continua me convencendo de que eu deveria abraçá-lo
Mesmo que seja a pior pessoa do mundo para consolar alguém
Aposto que nem brincaria com toda essa distância se soubesse como o meu coração é frágil
(Não que algum dia eu pretenda mostrar...)
Meus versos se perderam na confusão de boas e más notícias
E, para ser sincera, a única razão porque ainda escrevo
É porque não posso lhe falar
Sei que amanhã a vida continua e tudo vai ficar bem
Mas meu cérebro inchado de informações não foi feito para lidar com saudade
E meu coração desalinhado não foi feito para lidar com nada
Eu queria prender você em meus versos
E recitá-lo todo dia
Mas você escorrega feito gelatina
E todo dia preciso de uma nova poesia
Não consigo relê-lo, pois não é mais você
E minha noção de tempo perturbada me diz que preciso desesperadamente vê-lo amanhã
Se estivesse aqui, não o faria poema
Se estivesse aqui, sabe exatamente o que eu iria fazer
Minhas metáforas e rimas viraram um redemoinho de insanidades
E, para ser sincera, você é sempre o estopim
Não sei falar de amor, soa exotérico demais
Mas queria que pensar em você não desse tanto trabalho
As noites são sempre mais longas quando você está longe
Nem sempre mais tristes, mas ainda assim preferia que voltasse
O relógio me encara como um vilão implacável
E eu continuo sentada, tentando rabiscar algumas verdades
Deixei de ser poeta muitos versos atrás
Só continuo escrevendo porque não posso lhe falar