Abandono
Seu abandono foi cruel e poético
Um tanto trágico e ufanista
Sobre o monturo dos restos
Das desilusões e dos sonhos
Dos desejos e consumos.
A madrugada, coitada, era tola por demais
Não sabia se serenava ou chuviscava.
Perdida estava nas correntes de Cronos
Que a enganava com suas próprias histórias.
Um som ecoou longo ao longe
Era o prelúdio de uma nova era
Despertando de sonos e sonhos
A criança que reinava a força
Sobre o reino da solidão e tristeza
Pobre criança acometida de desprezos
O diorama de seus pais era um caos obsceno
Mas Kairos interveio mudando o seu presente
E lhe concedendo outro inefável futuro.