SOBARA É Presente
Sobara parou no tempo
Mas permanece em meu coração
Quebrado ainda se encontra o velho moinho
Os filhos não voltaram, permanecem longe
Das lembranças dos canaviais
E das grandes mangueiras.
Manoel Louro foi carpinteiro
Nos tempos antigos, tempos esquecidos
Em muitos anos um resfriado
Era o primeiro, fez o seu esquife
Após dias o tempo veio e ele se foi.
Seu Xisto viu sua quarta geração
Sua fala sempre a mesma sorrindo
Contava causos e histórias
Mas a sua própria ele deixou
Cravadas nos chão de Sobara.
Nu porque assim quando criança
Ele andava nu, o menino
Calmo, tranquilo e contemplativo
De olhos atentos e vivos
Era a próxima esperança
De um legado de tantas histórias
E de uma única herança
Da comunidade de Sobara.
Eras, tempos, anos e distâncias
O mesmo chão pisado em círculo
Marcado, permanece cavucado
Pelos pés dos homens ,pelos cacos dos animais
O iglu de barro vermelho batido
Era assadeira de todo o pão
Sobara é remanescente e presente
Sobara é história cheia dos canaviais
Do suco das prensas e o suor dos animais
Das farinhas movidas nos tachos
Pelos fortes braços escravos dos homens
E pelos firmes cascos livres dos animais
Sobara é presente e um presente
A alma de Sobara resistiu aos tempos
As crianças levam em seu destino sementes
Da esperança, do amor e da paz
Um legado e uma história
Deste e de outros tempos
Nas músicas e nas danças
Lá em Araruama de São Vicente
Sobara é um presente
Nos costumes e na força
Sobara está presente
Sobara presente dentro da mente.