Capitalismo da miséria
Saio todos os dias para a mesma direção. Ando pela rua sem ânimo, por que sei o que vem a seguir. Rotina monótona e sem vida. Rotina desagradável, rotina de um escravo. Um escravo que precisa ser “O escravo” para poder alimentar as pessoas amadas a sua volta.
Caminho a pensar em como seria bom se houvesse mais leis que defendem os trabalhadores, mas convenhamos, os ricos só se importam consigo mesmo. Leis que mandassem aqueles seres inescrupulosos, que chamamos de patrões, a nos dar melhores salários, ou pelo menos um digno para que possamos ao menos comprar um brinquedo para nossos filhos que vêm todos cheios de sonhos e com um sorriso em seus rostos e nos pedem: “Papai! Papai! O senhor poderia comprar aquela boneca pra mim?” Fala a criança cheia de sonhos, ou pelo menos um, possuir uma mísera boneca. Mas é claro, não podemos. Não podemos devido à ganancia humana de sempre querer mais, ou sempre querer o pouco que o mundo oferece para ser distribuído com os demais a sua volta, somente para si.
Chego à frente do prédio que outrora fora construído para criar sonhos de pessoas desesperadas para alimentarem aqueles que amam, e que hoje é visto como o prédio de tortura. Tortura porque obriga cidadãos de bem a morrerem aos poucos a cada dia que saem de suas casas para irem para aquele lugar que antes fora belo e agora se encontrava putrificado. Ando devagar pelas ruas, triste ao saber que terei que entrar naquele ambiente que nos mata aos poucos, por que de certa forma, mata os sonhos de pessoas desesperadas para que eles tornem-se realidade, por que estão fartos de realmente só viverem a realidade que os outros impõem, cansados demais para reclamar, cansados demais para pedir por ajuda, cansados demais para serem ajuda, e entro e vou ao encontro de mais um dia sem vida naquele lugar horrendo onde apenas almas desesperadas continuam a ir.