Escolha - na noite mais escura - PaoT
Estiquei minha mão para o ser de pele negra
Meus olhos fitavam aquela esferas azuis e não se perdiam
Queria a ajuda dele, queria sair dali, custasse o que for
Ele alargou o sorriso, dizendo enquanto segurava minha mão
-Levante minha nova cria, alimente-se de si e aja
Assinara meu contrato com esse demônio
Vendera-me para conseguir a minha salvação
Por acreditar que esse seria a minha saída
Não entendi as palavras dele no começo
Mas em questão de segundos tudo começou a fazer sentido
Minha pele começou a se enegrecer, formando uma nova camada
Primeiramente muito fria ao contado
Que ia dominando meu corpo todo, pedaço a pedaço
Caí no chão de costas, como se lutasse com aquilo
Me consumia com o passar do tempo, até meu coração escurecer
Quando tudo fez sentido
Aquela voz interna que sempre calava, graças a coisas que aprendemos
Costumes, respeito, boas maneiras...
Que me levaram até estar do jeito que estava
Agora eu que criava minhas próprias maneiras e regras
Era a hora da devolver a cada um deles
Foi quando tudo esquentou e meu coração bombeou forte
Mas nesse ponto duvido que meu líquido rubro da vida
Jamais voltaria a ser o mesmo
Possuía forma parecida do meu libertador
Mas ao invés de ter uma aparência escamosa
Meus músculos de avantajavam com braços e pernas mais potentes
E ligeiramente peludos, com o capacete de forma lupina
Meu monstro interno nascia, e estava faminto
Por sangue, por inimigos destruídos, por vingança
Das trevas algo brilhava e chamava minha atenção
Meu libertador colocou sua mãos nas trevas e puxou algo
Uma lança, que parecia me chamar
Em minhas mãos tinha o peso ideal
Ao se movimentar nem parecia ao mesmo estar lá
Era como se movimentasse um longo e afiado braço meu
Sem pestanejar avancei mundo afora
Que se tornara noite, já que a transformação levara mais tempo do que imaginava
Invadira a base principal por conta própria, despachando os guardas do portão para o outro mundo com movimentos ágeis, pintando as paredes com seu líquido vital
O sino soava, o exército para praça central marchava e o tal algoz liderava
A proporção era absurdamente injusta ali
Quando fora o momento do homem que me torturara rir
Um som saída de dentro do meu peito
Uivei para noite sem estrelas
Apenas iluminadas pelas tochas do local
E quem começava a rir
Era eu
Centenas avançaram...e como moscas caíam
Meus movimentos eram flúidos,livres por entre as hordas de guerreiros
Cada um deles mortalmente no chão, aumentando a carnificina
Pedaços se acumulavam a minha volta
Minha armadura negra brilhava escarlate
Meu sorriso branco se destacava nessa cena nefasta
Os guarda-costas de elite que sobraram não me foram páreo
Desfaleceram como saco de batatas cortados ao meio
Meu antigo algoz começava a tremer
E eu sentia um cheiro deliciosamente saboroso
Cheiro de medo, pavor, verdadeiro terror
Cortara dele um membro de cada vez, para ouvi-lo gritar
Assim como ele fez comigo
Antes dele perecer, joguei-o na fogueira
Para que suas últimas súplicas de dor penetrassem noite adentro
E marcassem esse momento enquanto eu disparava para floresta
As trevas ganharam uma nova cria
Neste seu começo de nova vida, como ela se divertia