A canção
As voltas do olhar não eram costumeiras
Como quem olha o imperceptível e nada vê
Eram transluzentes, como olhos de quem sonha
Não eram metódicos,discorridos a ambiente algum
Era o olhar procurado pela matéria que rodeia
Esperando a escolha
Eles se rendiam quando ela passava
Iluminada em sol cor de mel
Como seus cabelos dançando ao vento, poeticamente ritmados
Rendidos á canção aromatizada e exalante
Nos movimentos de seu caminhar perequeté
Edu buscava uma canção
Canção que pacificasse suas mesmices em guerra
Que tirasse fogo da brasa conformada
Consumida aos poucos em si mesma
Sem mais chama
Alta
Dançante
Que revolvesse como coração arado
Na espera de amor que semeia
Que perfurasse a profundidade da alma
Em busca de fontes abastecedoras
Dos bosques em si arborizados
De sonhos ainda guardados
Seus olhos cantavam a tradução
Ao som dos batuques em interlúdios
Do pulsado peito
Ao vir seu doce caminhar
Decifrando notas soltas ao vento
Edu sorria prazerosamente
Era ela, a partitura
Sua esperada canção
E quando passava, a quietude que o rodeava
Escondia-se na melodia inédita
Ele apenas assoviando
Com notas musicais que acariciam a alma
Esperando por mais um dia
Vê-la compor lindamente
Em cada passo, gesto e respiração