A canção

As voltas do olhar não eram costumeiras

Como quem olha o imperceptível e nada vê

Eram transluzentes, como olhos de quem sonha

Não eram metódicos,discorridos a ambiente algum

Era o olhar procurado pela matéria que rodeia

Esperando a escolha

Eles se rendiam quando ela passava

Iluminada em sol cor de mel

Como seus cabelos dançando ao vento, poeticamente ritmados

Rendidos á canção aromatizada e exalante

Nos movimentos de seu caminhar perequeté

Edu buscava uma canção

Canção que pacificasse suas mesmices em guerra

Que tirasse fogo da brasa conformada

Consumida aos poucos em si mesma

Sem mais chama

Alta

Dançante

Que revolvesse como coração arado

Na espera de amor que semeia

Que perfurasse a profundidade da alma

Em busca de fontes abastecedoras

Dos bosques em si arborizados

De sonhos ainda guardados

Seus olhos cantavam a tradução

Ao som dos batuques em interlúdios

Do pulsado peito

Ao vir seu doce caminhar

Decifrando notas soltas ao vento

Edu sorria prazerosamente

Era ela, a partitura

Sua esperada canção

E quando passava, a quietude que o rodeava

Escondia-se na melodia inédita

Ele apenas assoviando

Com notas musicais que acariciam a alma

Esperando por mais um dia

Vê-la compor lindamente

Em cada passo, gesto e respiração

Débora Peixoto
Enviado por Débora Peixoto em 29/03/2016
Código do texto: T5589099
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