Etéreos Sentidos
O ópio de tua saliva obriga-me a tornar a teu beijo.
A alfazema evola-se voluptuosamente de teus cabelos,
Caprichosamente emaranhados, em trama ardilosa, teia assassina,
E arrebata-me mortalmente; não há distância, nem sol, lua,
Basta que minha alma é tua e o mais que comigo trago.
Quão aprazível é medir teus encantos, mulher... Não! Menina, aurora feminina.]
Deleite é mergulhar nas tuas entrâncias, acariciar teus pêlos,
Rodopiar nas melenas e escorregar em tuas curvas;
Inebriar-me em teu cheiro e mergulhar profundamente em teu oásis,
Tuas profundezas, teu íntimo; ouvir o ribombar em teu peito,
O sopro de tua respiração, que escapa entre os dentes cerrados,
Em meio a sussurros e palavras recortadas quando me tens em teus palpos]
E me riscas a carne com acutíssimas garras ferozes.
Quão alucinante é roçarmos freneticamente nossas superfícies;
Nossa pele orvalhando-se, fruto da intensidade do nosso movimento,
Das nossas sensações, do inominável sentimento, do alucinante devaneio,]
Do indecifrável entrelaçar de nossas almas,
Que dançam alucinadamente fora de nossa matéria.
Oh, como me consomes, mas me dás vida,
E fazes de minha vida muito mais que existência;
Fazes de mim ser pleno e, mais do que homem, criatura divina.