Fugidio

Outra lágrima escorre no meu rosto

Do lado que já não conseguia te ver

Não há sonho que resista à tua inconstância

Não há coração que resista ao teu eterno navegar

Fechei os olhos outra vez

Fingindo que não estava acontecendo nada

Engoli tantas coisas mais

Que meu interior se revirava

Como se assolado por uma infestação de borboletas

Nada me dói tanto quanto essa ânsia não realizada de tocar-te

Voltava a ser criança se preciso fosse para sentar em teu colo

Parava o tempo se preciso fosse para eternizar teu beijo

Entregava minha voz se meus sussurros te alcançassem uma vez mais

Eu vou seguir em frente amanhã

(E só espero que o amanhã não chegue nunca)

Mas lanço meus preceitos no abismo hoje

Não quero ser forte, quero ser amada

Nem que seja só por mais uma fugidia madrugada

Eu quero o amargor da tua presença para aguentar a doçura da tua ausência

(Ou era o contrário?!)

Mas o Universo esquivo insiste em me iludir

Não posso te dar nada que já não tenhas

Estou mudando mas minha essência ainda queima do mesmo jeito intenso de sempre

(E os deuses sabem que ela só queima por ti)

A noite chega sem docilidade

Mas eu não me entrego sem uma boa briga

Meu peito clama por tua presença

Mas não sei se vens, fugidio