Amor bandido

Não é fácil mesmo manter-nos íntegros

quando sofremos a deslealdade.

É uma dor sem localização definida

porque não doem os olhos, nem o peito, nem os membros

Dói a alma.

E arrancá-la, é desatino.

O amor não pede licença

Vem, instala e se apossa.

Toma-nos a razão, a sensatez

e no entanto, inunda-nos de esperança e romantismo.

Quando se ausenta

ou por querer ou por se saber

deixa-nos praticamente sem vida

Perdemos o brilho no olhar

e o equilíbrio nos sentidos

Quando somos escolhidos

para sermos apenas momentos

sentimos que fomos taxados

de fantoches coloridos.

É triste quando descobrimos

que cometemos descuidos

Porque nem todas as pessoas servem como amantes

Nem toda paixão que nos dizem, é a verdade absoluta

Muitos brincam com o amor

como se fosse um éter

Embriagam-se, nos consomem e em seguida se volatizam

Jamais perceberão que fatiaram-nos

deixando-nos frangalhos vivos.

Sangramos, inflamamos, e algumas vezes, desacreditamos da vida.

Mas sabemos que toda dor, uma hora alivia.

Ou porque já não dói tanto, ou mesmo porque se vai, sozinha.

Esse momento chega.

Pode acreditar que sim.

O amor, que tanto pintamos, cantamos e poetamos

é uma arte indefinida

É lindo em sua essência

mas é cruel quando se desmistifica.

O verdadeiro amor é o que doamos

porque sabemos a extensão e a veracidade

Esse amor sim, esse não crucifica.