Paisagens da Alma XVI
O universo esquecido dormia no seio de si mesmo, a vida se esquecia ao sol do meio-dia, o céu azul sem fundo, impenetrável, esparramando-se, descia por sobre as árvores, casas e montes. Eu pensava no esquecimento de tudo e na criação deixada nas mãos da eternidade, inutilmente assistindo as águas do rio da vida fluírem, e com o espírito submerso nas águas da vida acabo escorregando nas pedras e caio, sou levado rio abaixo, olhando para trás... Passo como uma folha pelas mãos do tempo.
Passou o momento e não o capturei, passei-me por mim e não cumprimentei, passei como passa o vento sem saber que passa, como as estrelas que brilham esquecidas até a morte.
Passei sem sentir-me a passar, fiquei como o rastro na estrada deixado pela sombra de um homem...