Maria das Dores, rainha dos mártires

Ao receber das mãos de dois discípulos, José e Nicodemos, o corpo inerte do seu filho querido,

que naquele momento era uma única ferida, maltratado e espancado,

Maria o aperta contra o peito e chora em silêncio, um choro abafado,

amargo, humano enfim.

Depois ela vai acompanhando aquele cortejo silencioso até a sepultura.

Podemos imaginar como estava se sentindo essa mãe naquele momento,

sabendo que ia ficar só com suas tristezas, suas lembranças…

aquelas lembranças que chegam e ficam com crueldade

para amargurar mais ainda a alma de quem sofre,

como devia estar aquele coração de mãe ao acomodar

o filho com suas próprias mãos no sepulcro.

As mesmas mãos que o cuidaram, acalentaram e ensinaram com doçura,

tudo que foi necessário até que Ele chegasse à idade adulta.

Essas mesmas mãos que agradeciam a Deus por tê-lo consigo, até então.

Ela foi o modelo que muitas mães não seguiram.

Desde aquele tempos e até agora, existem mães que abandonam seus filhos,

maltratam, outras fazem abortos e muitas outras atrocidades mais,

num absoluto contraste com os sentimentos e atitudes de Maria.

Ela saiu e foi carregando com desânimo o peso da solidão,

aumentado pelas recordações de tudo que passara, quando ouviu

o baque da pedra que rolou para fechar o sepulcro e a separar dele de vez.

Ela deve ter sentido como se tivesse deixado um pedaço seu lá dentro e sabia

que teria que seguir só, mas que seu coração estava lá com Ele... crivado de espinhos.

Mãe angustiada, massacrada pela lembrança de tudo aquilo que se passara naqueles dias,

sem outro recurso agora senão se entregar à aceitação dos desígnios de Deus.

Aqui, ela nos dá um lindo exemplo de resignação e prudência.

Ela foi entregue por Jesus aos cuidados de João, o discípulo querido e

que sabemos, permaneceu com ela até o fim de seus dias aqui na Terra.

Ela sabia que ele teria que se ausentar muitas vezes, para levar a Palavra

pelo mundo, mas não se tratava de falta de companhia e sim de saudade

que bate no coração de mãe e maltrata; de um amor tão intenso que não se explica,

um sentimento que era só dela e doía no peito, bem lá no fundo sem haver possibilidade de alguém tirá-lo.

Enquanto caminhava, ela tinha lembranças das cenas pesadas pelas quais passou

e mesclava a elas, tudo que viveu com ele desde a visita do anjo emissário da anunciação…

pois viveu acompanhada de seu Deus, passou por alegrias, tristezas, sustos e ameaças.

Superou tudo serenamente.
Durante o martírio de seu Filho, Maria ficou ali ao lado, de pé, com uma espada cravada no seu coração,

porém pacífica, em plena posse de todas as suas faculdades, sofrida demais, porém maior

e muito mais forte do que tudo aquilo que via. Obra de Deus!

Ele a criou, Ele sabia o que ela poderia suportar.

Naquela hora difícil, com certeza, ela mostrava a Deus a sua dor de mãe,

sem pronunciar uma palavra sequer embora estivesse dizendo a Ele todas as suas dores,

medos, sofrimentos. Sim, porque sofrimentos não lhe faltavam e ela os apresentava a Deus sem nada dizer.

Era do coração diretamente ao Pai, pois sua confiança nele lhe permitia saber que Ele compreende tudo…sempre!

Aqui ela nos dá uma lição de humildade, pois ela pedia consolo a Deus.

Naqueles dias que se seguiram ela era Maria das Dores, Maria da Soledade, Maria da Piedade,

a mãe da tristeza e da solidão, mas ainda assim anistiou os algozes de seu Filho,

pois sabia que essa era a vontade dele que demonstrou ao dizer:” Pai , perdoai-lhes porque não sabem o que fazem”!

Aqui um exemplo de piedade, misericórdia para todos nós.

Por esse motivo é que nos vem a certeza de que ela intercede sempre por nós,

seja quem for o que suplica ajuda. Com sua grandeza, ela que não se desesperou

e não sucumbiu à dor em nenhum momento, nos ensina que o sol brilhará com certeza,

depois de cada tempestade e afastará qualquer desalento, esquentará os corações entristecidos,

fazendo o amanhã sempre melhor.

Sua resignação e dignidade diante dos sofrimentos, nos ensinam que devemos imitá-la sempre.

Ela que depois da ressurreição é Maria das Graças, advogada e consoladora nossa para sempre.
 
Pássaro Feliz
Enviado por Pássaro Feliz em 19/03/2016
Reeditado em 22/04/2016
Código do texto: T5578387
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