[Claríssima parábola: o tempo do "Nunca mais"!]
"Nunca mais" não é tempo demais, "nunca mais" nem é tempo medido, pois "nunca mais" é agora a vigência do fato de que eu nunca mais vou pôr os meus olhos onde antes eu punha as minhas mãos, ou os meus lábios quentes do desejo curtido em esperas...
Nunca mais é o tempo da não-partilha, é o tempo que faz morada na solidão da ampla casa fria. Ali, as paredes talvez ainda guardem os sons daqueles ais de amor, daqueles gemidos do gozo sem freios, da entrega total... lembranças para nunca mais ser, ou, pior: para serem conjuradas nos suspiros dos nossos últimos instantes de vida.
"Nunca mais", agora, é o tempo infernal de remoer inevitáveis sonhos; Nunca mais é o tempo angustioso de dois ex-seres-um-para-o-outro que vivem, respiram, pensam, e às vezes, choram... em montanhas separadas!
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[Desterro, 13 de março de 2013]