Paisagens da Alma XIII

Que está acontecendo no interior? Estou sendo lentamente carregado por águas calmas e obscuras, não sei se consciente ou inconsciente, para o fundo de mim mesmo. Percebo o movimento. Sinto o perfume, conheço-o. Sei pela nostalgia. Será um retorno? Ouço, como um canto de sereia, às vezes, vozes sutis chamar-me de águas longínquas, sinto-me atraído, cativado, identificado. E vou indo... Vou seguindo, como num duplo efeito de consciência, para dentro de mim mesmo, caindo aos poucos, como um sono que chega manço, nos braços do esmorecimento. Abro a porta e estão todos me esperando, quietos, tristes a olhar para os cantos, vestidos de melancolia: a depressão sorri como palhaços tristes a fingir alegria. Por que estou aqui de novo? Cheguei a sair do lugar? Evoluí? Ou sempre esteve aqui este sentimento latente, dormindo, saudoso, agradável como um sono sem sonho, perigoso, muito perigoso?! Extenuação do espírito. A alma se cansa e não quer mais voar, o declínio parece ser maior que a ascensão. Ou pior, é a mesma coisa neste caso, pois a eversão faz o espírito ver tudo como o mesmo, batido e calejado. E este olhar volta-se para o externo, tornado assim, para mim, a vida num movimento estático. Paralisia da alma. A queda é livre e não tem chão. Subir ou descer se confundem num só movimento, e nem desço nem subo, estático fico, suspenso na escuridão de mim mesmo, absorto em sentimentos, sentindo-me a cair...

Caindo, caindo...

Fiódor
Enviado por Fiódor em 14/03/2016
Reeditado em 14/03/2016
Código do texto: T5573101
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