NA FERVURA DA EMOÇÃO.

Na fervura da emoção eu jurei que fosse amor

Acelerou o meu coração senti o perfume de uma flor,

E quando olhei para os teus seios ali naquele entre meios

Eu vi a coisa mais linda às duas partes unidas

Elas que alimentam a vida, e ostenta bel formosura,

Pensei como minha solidão esta ganhou o meu coração

Faz parte da minha vida, mas quando me aproximei

E quis tocar tua mão de súbito me veio um não

Sem delongas nem rodeios, me dissestes já em prantos

Me dominam teus encantos, mas não posso te aceitar

Já sou fruto de um fato que detém o meu recato

E a isto não posso arruinar.

Descompensada da vida chegastes ao meu terreiro

E mesmo sem trazer dinheiro me fostes facho de luz

Compreendi que a tua cruz sinalizava um caminho,

Tomamos um trago de vinho que nem era de primeira

Te indaguei sobre as origens de uma mulher judiada

Com a pele maltratada, mas a alma luminosa,

Pois gozavas de uma prosa que me deixou encantado,

Sem me fazer tais rodeios me fostes muito dileta,

Dizendo não tenho estirpe não uso roupas de grife,

Não sou patrona de festas, nasci em uma fazenda,

Com sede em pau a pique fazíamos os piqueniques

Debaixo da quaresmeira, sentados numa esteira,

Tecida em palhas de banana, mas a piedade humana

Sempre nos vinha de primeira, dando socorro aos famintos

Que de maneira sucinta vinham ao nosso terreiro,

Com este depoimento considerei um sacramento

Para vivermos a vida inteira.

LUSO POEMAS 09/03/16