Vozes - PaoT
Normalmente quando eu acordo
Caminho-me ritmado ao trabalho
Vou em meu silêncio
Envolto em vários pensamentos
Da minha acelerada mente
Ouvindo apenas minha voz
Que ecoava internamente livre
Sendo as vezes interrompida
Pelas vozes de fora
Trens, metrôs, carros, buzinas
Atenção redobrada no caminho
Que sempre acabava feito
De modo relativamente mecânico
Porém ligeiramente conseguia muda-lo
Em pequenos, diminutos detalhes
A voz agora outra
Imposições de várias coisas
Obrigações clássicas do dia-a-dia
Fofocas e informações supérfluas
Respirava fundo e lamentava
Certas momentos acabam sendo
Melhor guardados para si
Se não adicionam nada
Mas em certas horas
Consigo com sorte enfim
Prestar atenção numa rara
Bela e única voz
A voz do silêncio
Não necessariamente a ausência
Completa, total de som
Mas sim os sons
As vozes que rodeiam
Árvores com vento balançando
Alguns pássaros a cantar
Vencendo selva de pedra
Precisamos de melhores ouvintes
Tanto desse belo silêncio
Quanto ouvintes de si
De seu lado interno
Ouvintes da própria alma
Eu almejo um dia
Que alguém realmente consiga
Ouvir a minha voz
Não apenas com sentidos
Ouvir voz da alma
E levar em consideração
O que ela realmente
Tem e quer dizer