Coqueiros ao horizonte

Quando eu era criança, minha avó morava em uma casa que tinha uma laje

Lá eu conseguia ver o horizonte da cidade

Adorava ficar lá só imaginando onde eram aqueles lugares

Parecia ser muita coisa, principalmente pra idade e tamanho que eu tinha

Via os carros andando nas ruas

Pessoas nas calçadas

Podia ouvir as buzinas

Alguns gritos

Algo tão comum e corriqueiro transformado em algo mágico em uma laje

E a noite era ainda mais fantástico

Todas aquelas luzes somadas ao som do vento batendo no ouvido

E o friozinho do horário

Quando ainda mais novo eu viajei com a família para a praia

Não me lembro de muita coisa

Mas sei que em algum lugar da viagem havia coqueiros bem altos

E dessa tal laje, bem no limite do horizonte visível, eu via vários coqueiros

E sempre imaginei que ali fosse a praia que sempre visitávamos

E que, por mais longe que isso fosse pra uma criança como eu,

Ainda era mais perto do que parecia quando íamos

E não entendia como é que demorava tanto pra chegar

E por que não podíamos ir com mais frequência.

Hoje em dia sei óbviamente que os coqueiros que via não estvam tão longe quanto eu imaginara na época

Talvez ver os carros passando e buzinando

Assim como as pessoas andando e gritando tão longe ainda tenha sua magia atualmente

Afinal, naquele lugar tudo era mais interessante

Mas não tenho mais tempo e paz para apreciar um momento como esse

E justo agora que é quando eu mais quero

Quando mais preciso

E antes...

Antes eu não entendia nada

Não sabia de nada

Onde já se viu ver meia duzia de coqueiros ao horizonte e achar que a felicidade está logo ali ao nosso alcance sempre que quisermos

Mas então...

Quando você cresce, consegue achar todas as palavras para expressar todas as fantasias, sentimentos e toda espécie de coisa maluca que a imaginação pura de uma criança pode proporcionar

Porém, já não tem mais a pureza para voltar a acreditar no sentimento que as criava...

Você passa a entender que as coisas que mais queremos demora mais pra se alcançar do que imaginamos

E ainda mais do que possamos ver...

Raymond Scott Freeman
Enviado por Raymond Scott Freeman em 04/03/2016
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