Ausência

Perdoe-me por minha inclinação por miudezas.

Quando acordo preciso contemplar-me no rio límpido que são seus olhos, e perder-me em abstrações e devaneios.

Possuo condão de saudade.

O silêncio me sustenta, solitário.

Minhas manhãs têm se transformado numa brisa leve.

Vento que sopra dos vales para as montanhas.

Que suspira docemente e canta com ternura... e melancolia.

Alimento-me de uma certa mendicância dos teus afagos.

E sondo-te em pensamentos remotos.

Em meu peito cravou-se uma necessidade absurda de um inverno que não chega.

De um adormecer pra não existir.

Um fechar dos olhos por um tempo que não sei precisar.

De ser pólvora vagando pelos ares a sua procura.

Eu sou um bar de afogar mágoas tocando Belchior.

A flor que havia sido declaração de amor, esparramada no chão do esquecimento. Sob uma chuva de novembro, impetuosa.

Meus desejos, redundantes, beiram a insanidade e os dias me consomem. Corroendo até minhas carnes.

Venha ressarcir-me de sua ausência que causa inquietude a minha alma. Num infinito sádico.

Te espero amanhã.

Haverá?

Hellen Leandro