Cais do tempo
Trata-se de uma contenda com o tempo. Um dia, um lugar, um momento que não se pode esquecer...
Onde antes havia um cais seguro e íntegro, com o tempo ido, hoje sobra uma réstia de um passado...
E há quem diga que nada mais pode ser feito... Que ninguém mais desembarcará aqui... Estes são os que vivem na solidão de si mesmos...
Acreditam que não há resgates. Que somos viajantes condenados pelo tempo a seguir em frente... Consideram que não existem rotas circulares...
Pobres almas sem fé... Sem luz... Sem paz... Carecem de um farol a guiá-las pela experiência extraordinária do inesperado...
Tantas são as rotas, tantos são os ventos... Inúmeras são as marés que se sucedem, vão e retornam...
Ondas vão e vem, e nunca são iguais...
Será que não é preciso aprender o que muitas vezes esquecemos de conceber?
Não é o tempo que passa que nos aflige... E sim a convicção de que não teremos mais o que viver...
O cais está velho, ruído e abandonado... E só voltará a trazer o que ainda pode ser vivido se você acreditar que há tempo de sobra para o que se está destinado...
Está é a beleza da vida... Por tantas vezes tão singela que não a compreendemos... E ainda assim, tão bela quanto este mesmo cais antigo a espera...
A tua espera...