AMÁLGAMA
O amor de amar habita o epicentro das sensações do corpo, universo tormentoso no qual somos imensamente verdadeiros perante o profano. Bem, afinal, chega uma hora em que o pudico de nada vale. O sacro, então, é um saco de pungências, piedade, expiações e só serve para as doenças, a morte e perdas conexas. Nem sempre conseguimos conviver neste cadinho de emoções circunstanciais. O meu ego paciencioso sempre transfigurou, a duras penas, todos os confins maledicentes, porque o amálgama deste sentir alimenta o meu vil ofício de poeta, suas urgentes entregas e codificações. Nele, reinam – exuberantes – a fantasia e a farsa. Para afagar a sofreguidão da pele. Por vezes, o poema é um coito disfarçado de cansaços tantos, que nem me reconheço enquanto gente...
– Do livro POESIA DE ALCOVA, 2015/16.
http://www.recantodasletras.com.br/prosapoetica/5551756