Tempo
Às vezes tudo que quero é parar no tempo. Afinal, ele está sempre com tanta pressa. Não, não há espaço para o tédio; mesmo nas longas horas de espera, sempre há uma maneira nova de se distrair e tantas outras que são deixadas para trás. Não, nunca há tempo demais. Tenho que tomar cuidado para não confundir o nascer e o pôr do sol.
Aliás, quanto mais ansiamos por um momento – aquele que faz as horas parecerem se arrastar – menos aproveitamos o tempo, tão focados estamos no futuro. E ele continua a correr em círculos. Ah, e essas memórias que nos roubam do aqui e agora... Presos no passado, às vezes acabamos pulando algumas páginas da nossa vida, para conseguir acompanhar o tempo. Não há tempo suficiente para reprises; um instante de distração e o momento foi perdido. Próximo!
Mas o que somos nós – aqui e agora – senão uma mistura de tudo que já fomos e aquilo que ainda vamos ser? O que é esse tal de presente, que há pouco era futuro e num piscar de olhos virou passado? Será que o que realmente importa é este, o mais breve de todos os tempos?
E o que somos nós sem nossas distrações e devaneios, esses que dão mais graça à vida, que nos permitem acreditar num futuro melhor e consertar o passado focando só no que interessa? O que é esse mundo lá fora, senão palco para algumas das cenas que já planejamos em nossa mente ou aquelas que não conseguimos esquecer?
Acho que me distraí de novo, e o tempo está passando...