SE EU AMAR OUTRA VEZ
 
Aceitar que te perdi doeu imensamente...
Doeu porque dentro de mim tudo era ainda tão intenso, que eu não estava preparada para aceitar que, de repente, tudo pudesse ter um fim...
 
Como compreender um amor que se vai sem uma explicação...
Uma relação que parecia feita de total sinceridade, cumplicidade e confiança...
 
Eu ainda sonhava quando você me despertou e jamais poderia esperar aquele adeus...
 
Tantos planos desfeitos em uma fração de segundos me fizeram sentir sem chão...
Não tive palavras para questionar os seus motivos, fiquei sem ação...
 
Não tive sequer lágrimas para chorar naquela hora em que o mundo pareceu desabar sobre mim...
 
A dor foi tamanha que fui anestesiada pelo desespero...
Vivi dias de angústia sem fim e sem nenhum desejo de reagir...
 
Tentei encontrar uma resposta, uma só, que me fizesse aceitar a sua vontade, mas não consegui...
Eu só me recordava de ter amado você, nada mais...
 
Tentei olhar a vida a minha volta, encontrar uma razão qualquer para continuar vivendo, mas o mundo estava vazio...
Foram dias e mais dias de inexistência, de anulação, de total solidão...
 
Aos poucos a dor foi se acomodando em meu peito e eu voltava a respirar um leve desejo de recomeçar...
 
Juntei as forças que me restavam e levantei os olhos para o mundo...
Muito pouco eu vi a minha frente, mas eu precisava recomeçar...
 
Ainda que me custasse o último esforço eu precisava me sacudir e o primeiro passo foi quase doloroso...
 
Mas eu consegui me levantar sem muito me cobrar e aos poucos fui descobrindo que tinha ainda forças guardadas dentro de mim...
 
Hoje eu já posso ver o mundo por outro ângulo, mas eu confesso que mesmo não olhando, eu te vejo ainda do outro lado, porém, já não sei o que sinto por você nem o que resta ainda de você dentro de mim...
 
Talvez seja apenas o desejo de não esquecer o que eu sofri por te querer, e assim, não me permitir que ninguém mais receba tanto amor de mim a ponto de me fazer sentir uma inútil quando se for, porque eu sobrevivi com muito esforço e prometi a mim mesma que ninguém mais me amputaria a razão.
 
Célia Jardim
Enviado por Célia Jardim em 21/02/2016
Código do texto: T5550563
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