Pensamentos XXIV - Sombrio

Despertei sombrio, mórbido, sem vontade pra nada. Sinto-me morto, cadáver vivo, migalhas de ontem. Caminho pelas ruas como uma sombra entre os vivos, observando a idiossincrasias dos meus sentimentos que, salmodiando realidades que lhes concebo, ordenam a vida numa linearidade podre, previsível, tudo preestabelecido com base no passado. A escuridão envolve a alma e a inquieta, causando arrepios.

Tudo está dado, nada é novo, a vida que vivo neste momento é a morte do que foi, só existe o vazio. Estou sozinho no mundo, se não, estarei só, isolado em meu mundo. Terror que se debruça sobre a mente, solidão profunda que constrói muros envolta do coração.

Solipsismo, loucura, tudo é ilusão?! Quero despertar para a vida sem a sombra do que fui ontem, cantar com os pássaros a eterna criação da vida presente. Mas por hoje o que tenho é o medo nas entranhas, a ansiedade gerando pânico, a realidade conceituada pelo mesmo e um mundo ilusório de fantasmagóricos sentimentos. Estou andando sobre a loucura estendida entre a vida e a morte, embaixo só há a escuridão do abismo sem fim. Caminho interiormente lentamente, atento, observando para não tropeçar em pensamentos, pois qualquer pequeno movimento oscila a corda e todo meu universo parece vibrar em consonância com os sentimentos, que sussurram: Tudo é morte, ilusão e esquecimento.

Caminhemos...

Fiódor
Enviado por Fiódor em 18/02/2016
Reeditado em 01/03/2016
Código do texto: T5547192
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