A FELICIDADE NOS BOLSOS

"A virtude absoluta mata o ser humano com tanta segurança como o vício absoluto, pela letargia e pomposidade que provocam". Samuel Beckett.

Possuidor do vício da Poética e da compulsão pela convivência com o poema sou um condenado com alguma felicidade nos bolsos. Talvez assim possa compartilhar com aqueles que necessitam – tanto como eu – dessa mesma mensagem lírico-amorosa. Contudo, por estar ainda vivo, sou sempre sujeito aos erros e falsidades, estes que nos preparam para a outra margem do rio da vida. Nele, talvez um dia aprenda a nadar em roupagem nova ou identidade sem foto. A imagem – o semblante do gozo – é a única virtude plausível. A velhice (e suas impotências) não me assusta nem me redime. No mais, é o Nada. Por ora, sou possesso pela palavra e o que ela me sugere...

– Do livro POESIA DE ALCOVA, 2015/16.

http://www.recantodasletras.com.br/prosapoetica/5546302