O Casarão Mal Assombrado

( Ficção)

Na beira de um riacho, existe um velho casarão,

De um antigo fazendeiro, um tal capitão Romão.

Dono de muitos escravos e de grande riqueza,

Que os tratava com crueldade e malvadeza.

Pelo menor motivo, chicoteava-os até a morte,

Cada negro, cada escravo, temia pela sua sorte,

Quando sua hora ia chegar era muito temida,

Na volta de um duro trabalho, deixava-o sem comida.

Acorrentava-o durante a noite e só soltava para trabalhar,

Ferido e enfraquecido, seus olhos vermelhos a lacrimejar.

Muitas vezes, o infeliz e sofrido escravo no eito morria,

O capitão lamentava o prejuízo mas remorso não sentia.

Romão dava festas, com dezenas de convidados,

Que comemorava nos domingos e feriados,

Os aniversários de familiares e de políticos da cidade,

O capitão, alegre e sorridente, era um poço de bondade.

Passado algum tempo, o fazendeiro adoeceu,

Uma doença rara o acometeu e rapidamente faleceu.

A fazenda que parecia rendosa, estava endividada.

Pela justiça tinha sido penhorada e avaliada.

Decorrido o prazo legal, a data do leilão foi marcada,

Pelo preço mínimo a fazenda foi arrematada,

A viúva do fazendeiro sumiu, sem endereço deixar,

Os negros festejaram a noite inteira até o dia clarear.

Os escravos em grupos, alegres logo sumiram,

Uns para um lado, e outros para outro lado, partiram.

O casarão continua em ruínas, abandonado,

Tantos escravos mortos, o local ficou mal assombrado.

É o que dizem os moradores da redondeza,

Que ouviram gritos e gemidos, com clareza,

Vultos de escravos trabalhando nos roçados,

Acorrentados e pelos feitores açoitados.

Limeira, 9 de Agosto de 2015

Miguel Toledo
Enviado por Miguel Toledo em 16/02/2016
Reeditado em 16/02/2016
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