O Casarão Mal Assombrado
( Ficção)
Na beira de um riacho, existe um velho casarão,
De um antigo fazendeiro, um tal capitão Romão.
Dono de muitos escravos e de grande riqueza,
Que os tratava com crueldade e malvadeza.
Pelo menor motivo, chicoteava-os até a morte,
Cada negro, cada escravo, temia pela sua sorte,
Quando sua hora ia chegar era muito temida,
Na volta de um duro trabalho, deixava-o sem comida.
Acorrentava-o durante a noite e só soltava para trabalhar,
Ferido e enfraquecido, seus olhos vermelhos a lacrimejar.
Muitas vezes, o infeliz e sofrido escravo no eito morria,
O capitão lamentava o prejuízo mas remorso não sentia.
Romão dava festas, com dezenas de convidados,
Que comemorava nos domingos e feriados,
Os aniversários de familiares e de políticos da cidade,
O capitão, alegre e sorridente, era um poço de bondade.
Passado algum tempo, o fazendeiro adoeceu,
Uma doença rara o acometeu e rapidamente faleceu.
A fazenda que parecia rendosa, estava endividada.
Pela justiça tinha sido penhorada e avaliada.
Decorrido o prazo legal, a data do leilão foi marcada,
Pelo preço mínimo a fazenda foi arrematada,
A viúva do fazendeiro sumiu, sem endereço deixar,
Os negros festejaram a noite inteira até o dia clarear.
Os escravos em grupos, alegres logo sumiram,
Uns para um lado, e outros para outro lado, partiram.
O casarão continua em ruínas, abandonado,
Tantos escravos mortos, o local ficou mal assombrado.
É o que dizem os moradores da redondeza,
Que ouviram gritos e gemidos, com clareza,
Vultos de escravos trabalhando nos roçados,
Acorrentados e pelos feitores açoitados.
Limeira, 9 de Agosto de 2015