UM GAÚCHO CRIANDO POLÊMICA

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Na atração dos sentidos, na troca de olhares,

o primeiro roçar de mãos, a primeira namorada.

Nós nos amamos, fomos feitos um para o outro os parentes

vamos avisar, precisamos nos casar construiremos uma vida juntos, filhos vamos criar e quando velhinhos seguiremos por uma estrada florida de mãos dadas bem felizes a caminhar beijando seus lábios

com ardor, repetirei, minha cara metade eu ainda continuo a te amar.

Começando pela primeira vez o tempo a passar,

quarenta, cinquenta anos a mesma carne a desfrutar

os mesmos carinhos, a mesma umidade dos beijos

o calor dos mesmos braços sem sentir a explosiva

chama avermelhada no prazer de riscar um fósforo em outra caixa.

Nada de mais lindo e muito fácil de escrever, porque isto soa poético

e o coração enternece, sendo que os grandes poetas usam estes dizeres para convencer as musas e versos incrementar e eu confesso que também escrevo rimas poéticas nas juras eternas que totalizam

as finalidades para que seja a vida um mar ondulantes de lindas rosas sentindo o perfume nas finalizações de um amor.

Mas o pai criador me proporcionou

o dom de tornar-me um gaúcho-poeta, um pensador

e por isto mesmo sobre isto me pego a pensar:

Será mesmo que depois de tantos anos contínuos

o desejo continua a dominar corpos envelhecidos?

Será que ainda existe o suco e nos lábios o sabor do mel?

Será que a libido permanece entre risos e afagos?

Será que consumidos pela voragem do tempo possa existir

desejos suficiente que os façam correr em busca

de um leito onde a troca de carícias os levem ao ápice final?

A pensar eu continuo sobre este delicado tema,

estou decidido, a uma conclusão eu quero chegar.

O gaúcho escreve sem o calor que move paixões

e pensando neste escrever eu afirmo, as “coisas”

não funcionam para sempre, não como desejamos

e por mais que me digam que existe possibilidades

por mais que venham poetas escrever que é assim

a quantidade de dias vividos fazem tudo amolecer!

É o nosso corpo uma máquina perfeita, mas que sofre desgastes,

ao passar do tempo células comem células, engrenagens enferrujam

e passam a não funcionar, e eu sei por experiência própria sei que,

fogo acesso, mesmo tendo em sua bases nobres madeira,

elas também queimam e um dia acabam por apagar.

E assim como o sol, por mais que venha o dia esquentar,

ao fim da tarde se despede para dar lugar ao negro da noite

e esta passa a escurecer os ambientes, sendo que luzes artificiais

somos obrigados a usar para não permanecermos como um alucinado tristemente as “coisas” a tatear. Assim nosso corpo ao envelhecer vai

aos poucos fugindo da luz do sol e como é ele a fonte de vitaminas que

mantém ativo o bom desenvolvimento de certos setores musculares, nesta fuga acontece também a diminuição sobre os desejos corporais

é então que necessitamos de claridade artificial, mas ela não fornece

o calor que desperta desejos no carinho de um olhar, e aos poucos

se perde a vontade de sair a passear abraçadinho para que nas trocas

acariciativas dos beijos sejam claras as promessas de entrega total

quando em casa chegar e procurar aquele leito macio e perfumado,

mas a casa está na escura, lâmpada ainda não acessa, corre-se

o perigo da tomada não achar, e o que resta é deitar para descansar.

Claro que eu tenho exemplos, para todo o sempre, de quem

viveu e morreu juntos, sem nunca separar e construíram

caminhos rumo ao paraíso celestial, mas isto só aconteceu

porque os dois entenderam que o amor arrefece e os órgãos começam

a falhar, mas que, dos corpos suados no deleite carnal recaíram sobre

ambos um outro tipo de amor. A paciência transformada em amizade, representando o que foi felicidade e que hoje os fazem com os filhos

criados, pela estrada da vida juntinhos seguirem a caminhar.

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Elio Moreira - Torres -_ RS

Elio Moreira
Enviado por Elio Moreira em 09/02/2016
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