ERA

E R A

Disparou no tempo como um alazão largado das rédeas.

Era mais embriagador que o álcool.

Era mais entorpecente que o ópio.

Era mais quente que a lava de um vulcão.

Era mais possante que o mais arrasador terremoto.

Era mais terrível que o horror de uma queda em um abismo.

Era mais temível que uma terceira guerra mundial.

Era mais insondável que os segredos da natureza.

Era mais vasto que o universo.

Era mais resistente que mil colunas de concreto.

Era mais devastador que a mais potente bomba.

Era mais brilhante que o mais brilhante dos astros.

Era mais límpido que o vácuo.

Era mais fértil que a Terra.

Era mais alucinante que o gozo dos amantes.

Era mais tétrico que a cena de um requintado crime.

Era mais etéreo que o éter.

Era mais que um facho de luz a transpor montanhas e mares.

Era mais que um raio a perfurar o infinito diluindo galáxias.

Era mais tenebroso que uma noite de temporal devastados.

Era mais fantástico que um potente ciclone.

Era mais inteligível que um idioma estranho.

Era mais dorido que a agonia do ser à hora fatal.

Era mais pesaroso que a saudade.

Era mais penoso que a agonia do último dragão.

Era mais desolador que o erro ao atleta.

Era mais dorido que a dor mental.

Era mais angustiante que a espera de quem nunca virá.

Era mais sentido que a lâmina de uma espada no ventre.

Era mais verdadeiro que a verdade.

Era mais misterioso que o mistério.

Era mais eterno que a própria eternidade...

Era muito mais que tudo isso em apenas uma fração de segundo:

Era o derradeiro pensamento de um moribundo.

autor: Pedro Lecuona Brasil

PEDRO LECUONA
Enviado por PEDRO LECUONA em 04/02/2016
Código do texto: T5533640
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