PERDER PARA ENCONTRAR
Assim como as folhas caem,
para dar lugar ao introspectivo outono,
levando consigo a delicadeza do sol que aquece,
as vezes é necessário recomeçar.
É preciso abandonar-se, deixar-se ir...
Quando aquilo que foi edificado não mais se sustenta,
devem ser destruídos, sem medo, os antigos sentimentos...
É preciso quebrar as correntes,
formar novos elos e construir novas pontes,
para, então, suportar os rigores do inverno.
É preciso se perder para se encontrar...
E perder-se significa abrir mão do seu próprio eu,
para construir, enfim, um novo ser,
não melhor, nem pior, apenas diferente,
naquilo em que impera a realidade sobre o sentimento.
Como quem busca uma nova estação,
despir-se daquilo de que se compõe,
para ver brotar, no fim, a primavera...
Com toda a exuberância de suas flores,
em uma incomparável nuance de cores,
emanando tudo aquilo que a torna singular.