Um tímido quase patológico, daqueles que amam ouvir e odeiam falar. Alguns me rotulavam como antipático e outros como chato, mas a timidez não é nada disso, é apenas um silêncio atento e amistoso. Os seminários da faculdade, onde eu precisava apresentar trabalhos diante de dezenas de pessoas, equiparavam-se a sessões de tortura no Doi-Codi. Obrigavam-me à exposição. Carrega-se esse constrangimento involuntário por toda a vida e ao dar os prematuros passos para envelhecer, descobrimos a única e insuperável vantagem conquistada: a solidão não é mais ameaça, é poesia.