Falena, tu que amas...
Como eu andava, Falena, naqueles cantos escuros, espiando-te pelas brechas dos olhos e a boca seca. Como eu andava proclamando versos internamente, como se te louvasse. Como foi aquele tempo tão repentino, tão sagaz, tão cheio de ti. Não esqueço que naquela bruma eu vivi por um longo dia. Tal era o meu estado no milênio seguinte: lembra-te do pinheiro, o pinheiro que era gêmeo de outro e de outro? Eu era um gêmeo também, mas só dele. Meu corpo era uma árvore, Falena, que te amou e te quis. Tu desprezava as minhas folhas, as minhas flores... Tu andava sob a minha sombra e nem assim me via! Ah, o que senti! Um dia se passou, Falena, para ti, pois os dias não passarão para mim. Eu sou uma árvore, gêmea da outra, tão inútil quanto a outra. Gêmea do desassossego, da ansiedade de amar quem nunca vem...