Toque do sentir
Olhei – me na montra de vidro
Que à minha frente se encontrava…
Meu rosto estava molhado e sorridente…
Molhado pela chuva, “acariciado” pelo vento,
Que com sua força embalava tudo
Que se atravessasse à sua frente…
Meus cabelos formaram caracóis
De encharcados da água da chuva
E tornaram-se “ninhos” de passarinho…
Minhas mãos, tocaram a terra molhada
Ensopada de tanta água que do céu
Abençoado e infinito caía …
E as folhas das árvores já amareladas
Que caíam das árvores de tanto
Serem abanadas pelo “bailador” vento
E agora jaziam caídas no chão da calçada
Esmagadas pelos pés dos muitos caminhantes…
Terra e folhas misturaram-se num “bolo”
E todos se reconhecem no toque do sentir
Um cheiro a terra molhada e a madeira
Paira no ar e meu nariz aspira o aroma
Sabe bem, maravilhosamente bem,
Aspirar o aroma da Mãe Terra…
Meus pés sentem a água da chuva abençoada,
Com a terra misturada em folhas amareladas,
Nela pedrinhas multicores viajam
Pelos carreirinhos que fazem através dos paralelos
Da calçada já gasta pelo tempo…
Elas passam neles e os deixam a vida sentir
O vento continua a embalar tudo que encontra
No seu caminho … E a chuva continua a cair
Lavando as pedras da calçada
Correndo pelas valetas das velhas ruas
Fazendo “leitos” de pequenos rios
Que ao leito da “velha” ribeira vão parar
Enche-se esse leito há muito quase desaparecido
De água que vai servir para a rega dos campos
Alegrando a natureza que nela fora e dentro vive
Lembranças da minha saudosa infância assaltam
Minha mente e meu coraçãozinho
Trazendo-me á memoria as mais lindas historias
Que minha amada avó paterna de doce coração
Na nossa velhinha casa de pedra talhada à mão
Com uma linda soleira de xisto preto feita com coração
Ambas construídas, pelas mãos de meu querido avô
Me contava nos dias de intensa e forte ventania
E de chuvas copiosas … Nessa altura,
Como no dia de hoje, o vento nos acariciava
E a chuva nos honrava com suas gotas
De água caídas do céu e abençoadas
Pelo Deus que segundo ela dizia
De TODOS nós com AMOR cuidava…
Hoje todos nos reconhecemos no “silêncio”
Denso … Mas o mais lindo, foi que
Meu coração reencontrou-se no “embalo”
Dos elementos da Mãe Natureza,
E isso me fez mais feliz ainda
E me senti Grata a Deus por isso…
Afinal minha amada avó tinha razão
Ele cuida de tudo e de Todos nós! …
Amem!...