Sobre angústia ou coisa que o valha
Ora, cada um é que sabe a profundidade de seus abismos.
Cada um é que conhece seu próprio caos.
Os anjos e os demônios que transitam
entre os céus e os infernos da alma.
Entre o fogo de baixo e a luz de cima, a calmaria.
Mas essa, dura muito pouco. Ligeiramente, te escapa.
E nem pense correr atrás: ela te quer longe.
Tridentes, arpas, nuvem, fumaça.
Uma hora só te basta sentar e assistir, como um espectador, afligido pelas intempéries.
Uma hora, já te acostumas. Oras, que mais se pode fazer?
Não existem rotas alternativas.
A mão pesada te segura, já não podes mais ficar de pé.
Então, que fazer?
Enquanto os minutos vão passando, me sirva aí um café,
me dê mais uma dessas bolachas que aí estão,
Secas... secas como meus olhos já cansados.
Aliás, já vi de tudo, tudo que puderes imaginar, eu vi.
Vi coisas que imaginei não pertencer esse mundo
Vi coisas inventadas... Ah, como os olhos se enganam!
Agora estes olhos apenas querem saborear do bom afago da boa noite!
Cada um sabe as estradas que já passou.
Se não provaste coisa parecida,
O tempo há de lhe mostrar.
Espera, tome o teu café.
Mais amarga do que essa bebida são as cicatrizes da alma.
Ah... esses anjos e demônios guerreando dentro de mim.
Essas palavras que tanto já rabisquei por aí,
já não tem mais por onde chorarem.